domingo, 30 de novembro de 2008

FALTAM-ME AS LÁGRIMAS

Na semana passada, por toda uma tarde, pensei em escrever um texto que falava sobre as lágrimas que me faltam, no entanto, ele se perdeu no caminho entre o trabalho e minha casa. Provavelmente, pegou um atalho e não soube mais achar o destino a que estava predestinado.

Nem vou tentar chorar por conta deste texto perdido, pois já estou acostumada a perdê-los e depois, como ele mesmo iria contar a vocês se tivesse chegado aqui, faltam-me as lágrimas.

Não me lembro exatamente o que ele dizia, mas amarrei à lembrança algumas palavras soltas e assim, um tanto deformado, tentarei reconstruí-lo.

Recordo-me das lágrimas que não me pertenciam e corriam pela face daquela mulher enquanto me contava sobre a sua vida. Ela falava e sem se incomodar por eu ser apenas uma estranha, permitia que as lágrimas, espontaneamente, saíssem dos seus olhos. Eu permaneci em silêncio, ouvindo e pensando: “Minhas dores são tão pequenas, que nem deveria ter o direito de entristecer-me por causa delas.”

Recordo-me das lágrimas da senhora encostada na pia da cozinha. Ao ver as lágrimas, perguntei-lhe por que chorava. Era seu neto que estava indo embora e mesmo antes dele ir, já sentia sua falta. Disse-me que não queria chorar, mas as lágrimas simplesmente saiam. Sinceramente sentida pela dor da senhora, quase lhe disse que comigo acontecia o contrário: Queria chorar, mas as lágrimas não queriam brotar em meus olhos.

Estas foram as lembranças que ficaram daquele texto que se perdeu por aí. Duas mulheres, que por motivos tão diversos, choravam. Ele provavelmente dizia muito mais, talvez falava mais sobre mim e minha falta de lágrimas, no entanto, há certas coisas que perdem o sentido de existirem, de serem faladas ou escritas, depois que o tempo passa. Por isso, tentei perder estas lembranças da mesma forma que perdi o texto.

Contudo, estas lembranças foram muito bem amarradas por minha memória e, hoje, voltaram a terem sentido, pois novamente senti que faltam-me as lágrimas.

Minha mãe conta que quando eu era criança, um bebê ainda, chorava por tudo. Era uma verdadeira chorona (deveria dar muito trabalho). Não ia ao colo de ninguém, nem dos parentes (desconfio que já tenha nascido um tanto anti-social). Quem sabe, fico aqui pensando, seja este o motivo de não possui mais lágrimas dentro de mim. Chorei-as todas quando criança.

Agora, sem mais lágrimas, fico apenas com o sentir vontade de chorar. Como naquele dia em que escreveria aquele texto, em que senti muita vontade de chorar, porém não me lembro mais o motivo. Como hoje, que também estou sentindo esta mesma vontade.

Por qual motivo? Bem, prefiro guardá-lo para mim e para minhas lágrimas. Tenho esperança de que ainda voltem...
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Dany Ziroldo

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

SEGREDOS POR DETRÁS DAS PORTAS

Sinto o ar cada dia mais denso, tanto que até a respiração tem se tornado difícil.

Os olhares que antes me inspiravam confiança, hoje escondem qualquer coisa sombria. Desviam-se constantemente, por qualquer motivo, nas respostas vazias de todas as perguntas.

Por detrás de cada porta fechada, adivinho sussurros e segredos. Diminuo o passo, imagino-me com o ouvido encostado na porta para tentar escutar o que sutilmente paira no ar. Apenas imagino a ação transgressora, depois sigo pelos corredores de cabeça baixa, fingindo não saber aquilo que, realmente, não sei, mas pressinto.

A sensação é de quase sufocamento. Nem os ventiladores ligados vinte quatro horas por dia, girando com força total, estão se mostrando capazes de fazer o ar circular com mais facilidade. E para tornar a situação ainda mais desconfortável, o sol não dá tréguas. Queima, faz o suor brotar por toda a extensão da pele, aumentando ainda mais o aspecto de cansaço em nossas faces.

Os olhares se entrecruzam atravessados, com a mesma desconfiança depositada em qualquer bandido de alta periculosidade. De repente, todos, sem exceção, se tornaram culpados.

Eu, estranhamente, tenho me sentido culpada, entretanto, nem sei qual foi o crime que cometi.

Todos parecem saber. Todos cochicham pelos cantos. Todos parecem entrar nas salas de portas fechadas onde só há sussurros e segredos. No entanto, o acesso tem sido negado a mim.

Negam-me o acesso às salas secretas. Negam-me o fruto proibido do conhecimento. Permaneço de olhos vendados, ignorante a qualquer tipo de entendimento, contudo, ainda posso sentir.

Sinto de maneira tão forte que é impossível fazer de conta que há normalidade. Sinto como nunca senti antes, tanto, que meu peito se aperta, minha pele se arrepia e a respiração tem se tornado difícil.

Tenho medo de que me condenem, mesmo que inocente. Tenho medo deste não saber. Tenho medo de que amanhã não consiga mais respirar...
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Dany Ziroldo

domingo, 23 de novembro de 2008

“DESAFIANDO GIGANTES”


Como na história bíblica em que Davi, considerado apenas um menino diante dos homens, venceu o gigante Golias amparado pela sua fé em Deus, assim também, um pequeno e desacreditado time de futebol americano conquista o título do campeonato estadual sobre o imbatível time dos Gigantes, nome que, com certeza, não foi escolhido por acaso.

Neste filme, Desafiando Gigantes, o foco principal não está necessariamente no campeonato de futebol americano ou no esporte em si. As lentes das câmeras estão todas voltadas para o poder transformador da fé em Deus, que de forma muito significativa opera na vida das pessoas envolvidas nesta história.

Depois de uma seqüência de insucessos na sua vida profissional e pessoal, o treinador Taylor percebe a necessidade de se realizar uma mudança e esta mudança seria possível apenas se fundamentada em Deus. Desta forma, cria uma nova filosofia de trabalho, a qual, conseqüentemente, transforma-se em uma filosofia de vida, não exclusivamente para a sua, mas para todos a sua volta.

Certos de que Deus é o Senhor de todas as coisas, para quem nada é impossível e de que sempre deveriam dar graças a Ele, por suas vitórias e por suas derrotas também, agem movidos por sua fé, acreditando que se vivessem de acordo com este novo pensar, sempre preparando suas vidas para o agir de Deus, seriam capazes de vencer.

Vencer não no sentido restrito que esta palavra adquire dentro das quatro linhas de um campo de futebol, mas vencer no amplo sentido de que apesar de todas as dificuldades e das nuvens negras que por vezes pairam por nossas cabeças, ainda há uma esperança, ainda há alguém que zela por nós, que mesmo que seja invisível aos nossos olhos, se acreditarmos Nele, nos mostrará um caminho, segurará em nossas mãos e nos guiará, para que, enfim, possamos superar todos os obstáculos.

“Desafiando Gigantes” nos mostra a importância de nunca desistirmos. Nos mostra a força e poder de Deus sobre nossas vidas quando possuímos uma fé verdadeira. Nos mostra a necessidade de não permitir que esta fé se abale. Nos mostra que acreditarmos em nós mesmos é uma forma de acreditar em Deus. E por fim, nos mostra que para Ele nada é impossível. Por isso não temos motivos para desistir.

Foi com este filme, que na tarde de ontem, permiti que algumas lágrimas escorressem por minha face e com elas me permiti refletir o quão pequena ainda é minha fé.

Não sei quantos de vocês já assistiram ou ouviram falar deste filme, entretanto, para aqueles que ainda não o conhecem, fica aqui uma dica:

O Filme DESAFIANDO GIGANTES...
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Dany Ziroldo

terça-feira, 4 de novembro de 2008

UM FIM PARA TODAS AS COISAS


Enquanto caminhava, olhando para o céu numa tentativa de adivinhar contornos entre as nuvens, respirei fundo e perguntei a estes seres intocáveis se eu ainda teria tempo.

- Digam-me nuvens! Ainda tenho tempo para desistir?

Gritei o mais alto que minhas cordas vocais permitiram, mas esqueci de abrir a boca para que o som pudesse sair e chegar aos ouvidos das nuvens, por isso ele bateu nas paredes internas de minha boca e ressoou, unicamente, dentro de mim.

Se ao menos as nuvens tivessem me ouvido, talvez fossem capazes de me dar uma resposta, talvez me encorajassem a largar tudo, jogar tudo para o alto (para as nuvens) e me libertassem deste sentimento de impotência, de incapacidade.

Contudo, mesmo sem as respostas das nuvens, quase adivinhando o que me diriam, temo ser tarde, temo, profundamente, não haver mais tempo de desistir. E, hoje, por acreditarem que não sou mais criança, por permitirem que eu já faça minhas escolhas, por eu ter escolhido começar algo, por tudo isso e mais um pouco, ainda hoje, exigirão de mim um fim para o que comecei, não se importando o quanto ou como este fim poderá me afetar.

Se ao menos pudesse chorar e comover o coração dos verdadeiros adultos, aqueles que conhecem o mundo e sabem das coisas, talvez ainda tivesse uma chance de desistir e evitar o fim.

Apesar desta minha vontade de fugir, desta minha recusa em aceitar o inevitável, devo reconhecer: Não há mais tempo e o fim não poderá ser evitado, os fins nunca poderão ser evitados, de uma forma ou de outra, sempre haverá um fim para todas as coisas (quem será que, para minha tristeza, descobriu isso e que me fez, neste momento, constatar e repetir?). Mesmo se jogamos a toalha ou levantamos uma bandeira branca, conseqüentemente, estamos caminhando para uma forma de fim, provavelmente, a pior forma de fim. O fim ao qual estão fadados os mais covardes.

Se ao menos pudesse voltar no tempo e começar tudo novamente, se pudesse fazer tudo diferente (quem nunca desejou isso um dia?), talvez não estivesse andando por aí, tentando falar com as nuvens e buscando nelas, desesperadamente, uma solução.


Dany Ziroldo