quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

SABORES DA INFÂNCIA



Comida é um tema recorrente entre nós, as meninas da secretaria, e talvez esta seja a explicação para os nossos quilinhos a mais. Entre as conversas trocam-se receitas, dicas culinárias, preferências e desejos.

Naquela tarde, resolvemos falar um pouco do passado, dos tempos de infância, mas é claro, a comida estava no meio. Começaram a relembrar o que gostavam de comer quando crianças, coisas que hoje não existem mais: aquele pão caseiro recém tirado do forno, o bolo delicioso, o cheirinho de pão de queijo, o refrigerante que bebiam apenas nas datas especiais e de como tudo parecia ser tão mais gostoso.

Fiquei espiando de longe, por ainda ter um pé dentro da infância não imaginei que a conversa se estenderia a mim. Um tanto incrédulas que eu já pudesse ter alguma memória de sabores da infância, me questionaram sobre o que lembrava que comia quando criança e hoje não existe mais.

Tive que pensar um pouco, não muito, o suficiente para lembrar-me de duas coisas: o sonho da Sonia e a pamonha do homem do fusca verde.

Não tenho nenhuma lembrança da Sonia, do seu rosto, voz ou maneira de se vestir, lembro-me apenas do seu carro que passava na rua de casa de vez em quando e por eu adorar sonhos (os cobertos de açúcar e também aqueles que não podemos tocar), meus pais, vez ou outra, os compravam. Se minha memória não estiver me traindo, recordo-me que os sonhos ficavam no porta-malas do carro e eram colocados naqueles sacos de papel marrom.

A pamonha do homem do fusca verde é outra forte lembrança da minha infância. Para mim eram compradas sempre as pamonhas doces, na minha opinião, as melhores. Quer dizer, sou um pouco suspeita, quase tudo o que possui açúcar me agrada e muito. Também não tenho lembranças do homem e sua mulher, ficaram na minha cabeça somente as imagens das pamonhas e do fusca verde.

Hoje, infelizmente, não passam mais por aqui nem a Sonia, nem o fusca verde. Se, por acaso, sinto vontade de comer sonho tenho que passar na padaria do mercado e as pamonhas, às vezes, as encontro na feira. O problema é que nunca mais encontrei sonhos tão gostosos como aqueles, os sonhos da Sonia e na feira, sempre chego atrasada para as pamonhas, geralmente, elas já acabaram quando apareço por lá...

Sabem, durante toda esta conversa a respeito de comidas e lembranças, apenas sobre uma coisa não chegamos a um consenso: será que não fazem mais pães, bolos, sonhos ou pamonhas como antigamente ou foi nosso paladar que se tornou mais exigente com o passar dos anos?

Difícil dizer...

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Dany Ziroldo

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