quarta-feira, 30 de julho de 2008

PEQUENAS FELICIDADES


Muitos já falaram sobre a felicidade presente nas pequenas coisas. Sobre a necessidade de prestarmos mais atenção nelas, para que assim, a vida torne-se um pouquinho mais amena e toda esta carga negativa, a qual estamos expostos diariamente não nos atinja tão cruelmente.


No entanto, muitos ainda se perguntam quais são essas pequenas coisas ou se elas são tão pequenas assim, a ponto de passarem despercebidas pelos nossos olhos.


Ontem tive certeza sobre a existência destas pequenas felicidades. Tive certeza, pois a senti quando jogava basquete com alguns amigos; nossa brincadeira durou cerca de meia hora, mas foi o suficiente para me fazer esquecer, por um momento, de todos os problemas do dia-a-dia, de todas as tragédias do mundo, de todas as injustiças e até mesmo de algumas angústias do meu coração. Naqueles trinta minutos minha maior preocupação era acertar a bola na cesta e nada mais...


Este instante de felicidade me fez lembrar da época em que jogava bola com os meninos na educação física, em frente de casa com os vizinhos e no ginásio com o nosso time de futsal (infelizmente tudo isso ficou no passado e não mais existem).


E foi com a mistura destes sentimentos, felicidade e saudade, que fui para casa, me sentindo leve, a pessoa mais feliz do mundo.


Pode parecer bobagens para alguns? Tenho certeza que sim. Porém, tenho certeza também, que estes são os mesmos que andam por aí tristes e mal-humorados, que ainda não encontraram as suas pequenas felicidades e duvidam que elas existam.


Bobagem ou não, isso não é importante. O importante é sentir-se bem, mesmo que esse bem-estar nos seja proporcionado por uma partida de basquete/futebol, pelos quinze minutos em que nos tornamos cantores profissionais debaixo do chuveiro, pelas brincadeiras de criança com os filhos, sobrinhos ou primos ou quem sabe, por um banho de chuva.


As pequenas felicidades são reais, precisamos apenas, prestar atenção nelas para senti-las.


Danielly Ziroldo

quinta-feira, 3 de julho de 2008

BOCAS-DE-LOBO

As bocas-de-lobo ou bueiros, como costumamos chamar aqui na rua, sempre foram as grandes vilãs da nossa infância. Elas eram as responsáveis por engolir inúmeras de nossas bolas.
É verdade, que a rua de casa é uma ladeira um tanto íngreme, mas isso nunca foi motivo para impedir que todos os dias, assim que não houvesse mais sol, saíssemos de casa para ir jogar bola.
Quem passa por aqui custa um pouco em acreditar que era possível brincar com bolas nessa rua, porém, para crianças muitas coisas deixam de ser impossíveis, principalmente quando o assunto é se divertir.
Para tentarmos salvar as bolas dos bueiros a solução era tampá-los com galhos, papelões ou até mesmo, pedras. Isso se tornava, às vezes, motivos de brigas com os vizinhos, pois geralmente esquecíamos de tirar todas aquelas tralhas e no outro dia lá estava a vizinha reclamando que havíamos entupido as bocas-de-lobo.
Inúmeras vezes, saímos correndo feito doidos atrás das bolas para evitar que se perdessem. Essa era a obrigação de quem havia dado o último chute ou do dono da pelota, porque esse seria o maior prejudicado.
Foram muitas carreiras, mas o divertimento, com certeza, compensava...

Hoje, ao subir a rua de casa, tive uma enorme surpresa: Grades nas bocas-de-lobos! Isso mesmo, grades...
Depois de tantos anos brigando com os bueiros (e com os vizinhos, por causa destes), depois de tantas bolas perdidas, sem contar todas as vezes que algum corajoso enfrentou aquelas bocas escuras e úmidas (até o momento ainda não descobri o motivo da denominação “boca-de-lobo”) com a esperança de ainda conseguir salvar aquele brinquedo tão precioso, resolvem, enfim, colocar grades nos bueiros.
Só porque todas as crianças do meu tempo já cresceram, inclusive eu, e as poucas que ainda se encontram por aqui não brincam mais de bola na rua (bobinhos, mal sabem o que estão perdendo...), colocaram grades nos bueiros.

Deveriam ter pensado nisso antes! (Por que nós não pensamos nisso? Ah! Éramos apenas crianças...).

Isso não é muito justo. Nem posso voltar a ser criança novamente (mas será que ainda posso jogar bola na rua, agora com grades nos bueiros?).

Por tudo isso, fica aqui meu protesto!


Entretanto, é como dizem por aí: “Antes tarde do que nunca”.


Danielly Ziroldo