sábado, 7 de junho de 2014

AMADURECER




A página em branco sempre será um convite à escrita. O difícil é aceitar este convite de coração aberto, entregar-se a ele como uma criança se entrega aos braços de seu pai: livre, sem medo.
É engraçado como mudamos no decorrer de nossa vida. É estranho como o medo, as preocupações, as angústias e a timidez crescem com a gente. Deveria ser totalmente o contrário.
Quando eu era criança andava de bicicleta de mãos livres, equilibrava-me apenas com o corpo e abria os braços. Hoje não tenho mais esta capacidade ou coragem. O máximo que me é permitido fazer é soltar uma das mãos, mais nada.
Vivo em um constante paradoxo. Sempre quis ser criança para sempre. Mas também, sempre quis amadurecer rápido.
O primeiro desejo garantia-me a segurança de nunca ter que me preocupar com os milhares de problemas vividos por um adulto. Muitos deles apenas inventados. O segundo desejo me asseguraria o conhecimento, a habilidade de lidar com as mais diversas situações de maneira mais tranquila e segura e ser levada mais a sério.
Um desejo excluiria o outro? Insiste a constante pergunta.
O amadurecimento nos é apresentado no decorrer de toda nossa vida, vem de forma fragmentada, a cada novo aprendizado. E para aprender é necessário viver e, consequentemente, crescer.
Se não quero deixar de ser criança não poderei possuir o amadurecimento? Se quero amadurecer precisarei deixar de ser criança?
Sempre me pareceu que na vida tudo se encaminha assim: uma coisa ou outra. Dificilmente teremos a oportunidade de possuir uma coisa e outra, simultaneamente.
E a pergunta persiste: Precisarei crescer para ganhar o amadurecimento tão desejado, o qual, tenho certeza, nunca será completo, pois a cada nova situação vivida, um novo aprendizado e, portanto, mais uma gota de amadurecimento me será acrescentada?
Contudo, hoje, há uma descoberta e, talvez, uma resposta: mesmo crescendo poderei continuar sendo criança para sempre. Na alma. Porque, apesar de nosso corpo envelhecer, é uma escolha nossa permitir que nossa mente e alma envelheçam juntas. Não precisamos nos tornar velhas rabugentas só porque a idade impressa em nosso registro de nascimento diz que somos velhas. Isso mesmo, nosso registro poderá até denunciar que somos velhas, no entanto, o adjetivo rabugenta, somos nós mesmas que nos atribuímos. E haveria necessidade?
Creio que não. Podemos até carregar muitos fardos pesados nesta vida e acabar nos endurecendo para tentar encontrar forças para carregá-los, entretanto, temos a escolha de carregá-los sozinho ou não.
           

Dany Ziroldo

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Dany Ziroldo