terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A PASSAGEM DO COMETA



Fico imaginando como Lisiel, a menina que roubava livros¹, descreveria o céu da noite de ontem. Talvez ela dissesse que havia uma manta negra sobre a cidade encobrindo a luz da lua e das estrelas. Talvez, fosse isto o que ela, ou eu apenas, diria.

O fato é que enquanto todos olhavam para o palco, eu olhava para o céu. Enquanto todos olhavam para os lados ou dançavam, eu olhava para o céu. Enquanto estava indo para casa, colocava a cabeça para fora do carro e olhava para o céu. E, finalmente, enquanto atravessava o portão, abria a porta, eu olhava para o céu.

Olhei durante a noite inteira para o céu a procura do rastro do cometa de cor esverdeada, o qual anunciaram que passaria sobre nossas cabeças e ontem seria o melhor dia para ser visto. Mas eu não o vi, como também não vi a lua ou as estrelas.

No entanto, estranhamente, sei que eles estavam lá. A lua, as estrelas e o cometa, todos estavam lá. O problema é que havia uma manta negra sobre a cidade...


¹ “A menina que roubava livros”, de Markus Zusak. Recomendo a leitura deste livro.
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Dany Ziroldo

sábado, 21 de fevereiro de 2009

CURSO DE ORATÓRIA

Penso que algumas pessoas já nasceram com o dom de falar em público, outras, assim como eu, vêem nesta tarefa algo parecido com um bicho de sete cabeças. O coração acelera, um frio e um calor sobem e descem dentro do corpo, as mãos suam, as pernas tremem e olhos não enxergam mais nada.

Perder todo este medo, provavelmente, não acontecerá da noite por dia ou pela simples participação em um curso de oratória, entretanto, este já um começo. Por isso, ontem resolvi participar de um curso oferecido em minha cidade, aqui que nunca acontece nada.

Não fazia a menor idéia de quem participaria deste curso ou como este seria conduzido, só possuía uma certeza, teria que falar em público! Obviamente meu coração se acelerou nas duas vezes que precisei ocupar o lugar de maior atenção da sala, na primeira para me apresentar e na segunda para falar alguns minutos sobre um tema que escolhi e, provavelmente, meu coração continuará se acelerando, mas não pretendo fugir.

Hoje, o curso continua e novamente precisarei falar em público. Desta vez o tema foi escolhido pela sorte e por ironia, talvez, em minhas mãos caiu um papelzinho com a palavra AMOR. Eu, que brigo tanto com amor, por querer encontrar razão onde não existe; que criei até um blog para tentar falar apenas sobre isso, mas por esta minha incapacidade, ele anda assim, um tanto abandonado, justo eu, terei que discorrer sobre o amor...

Faltam menos de duas horas para o momento decisivo e ainda não faço a mínima idéia do que falarei. Sei apenas que começarei (se não me der um branco, é claro) com palavras do grande poeta Camões:

“Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.”


Dany Ziroldo

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

UMA AVENTURA NA NOITE




O que poderia ser mais assustador para uma menina, com uma mochila nas costas, fones no ouvido e um guarda-chuva, andando sozinha no meio de uma noite chuvosa?
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As ruas totalmente desertas? Os uivos de alguns cães perdidos? Os pontos escuros próximos as árvores, onde qualquer bicho ou homem poderiam estar escondidos?

Definitivamente, não.

O que poderia ser mais assustador, com certeza, era um raio cortando o céu seguido pelo estrondo de um trovão. Ela viu a noite tornar-se dia por um segundo e sentiu toda a terra tremer abaixo de seus pés.

Contudo, antes que sintam pena da garota supondo que ela está perdida ou que não tenha ninguém nesta vida, preciso lhes confessar que esta é apenas uma estudante de espanhol que está indo sozinha para casa em uma noite chuvosa e de que necessitava somente de uma ligação para que o pai a fosse buscar na escola. Entretanto, ela não a fez e tinha seus motivos.

O que mais a atraia para as aulas de espanhol não era o prazer de conhecer uma nova língua, seus colegas de classe ou a amizade que mantinha com sua professora, decididamente, o que mais lhe atraia era o sentimento, ao qual gostava de chamar de liberdade, que lhe invadia o ser duas noites por semana enquanto caminhava solitária e despreocupadamente, com seus fones no ouvido, o breve percurso de 15 minutos que ia da sua casa até a escola e vice-versa.

Caminhar sozinha durante a noite não poderia ser comparado de forma alguma com o caminhar sozinha durante o dia, pois, segundo ela, à noite havia a lua e as estrelas para oferecer um toque de magia e mistério ao céu, em substituição ao sol escaldante do dia. E o mais importante, à noite não havia aquela multidão nas ruas com seus falatórios desenfreados, mau humor e pressa. A noite lhe oferecia a solidão e o silêncio na medida exata e um doce sentimento de liberdade.

Por tudo isso, depois de um período de férias e com uma louca vontade de sentir-se “livre” novamente, não poderia permitir que uma chuvinha lhe atrapalhasse. Sinceramente, achou que poderia ser uma boa aventura. Ela que vivia criando aventuras em sua cabeça, achou-se no direito de viver uma.

Retirou o guarda-chuva da mochila e iniciou o trajeto de volta para casa. Não se importou com o fato de não haver ninguém nas ruas ou por tudo parecer muito mais escuro naquela noite ou, muito menos, se importou com os latidos e uivos de alguns cães. No entanto, assustou-se com um raio que cortou o céu bem a sua frente e com o barulho do trovão logo em seguida. E como gostou de sentir aquele friozinho na barriga!

Seguindo seu trajeto, esqueceu-se de que a chuva havia sido forte e a rua de terra em que resolveu entrar, provavelmente, estaria puro barro. Já estava na metade do caminho quando encontrou um trecho feito de escuro e lama.

Ponderou ser muito tarde para voltar ou ligar para o pai e admitir que sentiu medo. A menina, com a mochila nas costas, seguiu e enfrentou toda aquela lama e escuro. Depois, denominou cada gelar de coração ao ver seu chinelo preso no barro e quase uma impossibilidade de prosseguir calçada como uma pequena conquista particular.

Riu-se, mais tarde, por ter apressado os passos, a ponto de quase correr, quando um homem com um jeito suspeito virou na mesma rua em que havia virado e parecia estar atrás dela, mas quando disfarçadamente olhou para trás, ele já havia entrado em alguma casa ou em outra rua.

Por fim, quando colocou os pés enlameados no portão da sua casa, sentiu-se quase a mulher maravilha, a dona do mundo e, por que não dizer, sentiu-se aliviada por ter sobrevivido ao escuro, à chuva, ao tremor da terra, aos monstros escondidos nas trevas que imitavam o som dos cães, à areia movediça que quase lhe roubou os chinelos havaianas e ao homem mau...
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Dany Ziroldo

*Imagem: a prova do crime por Dany Z.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

SERIA APENAS MAIS UMA CANTADA?



Como sempre, eu estava em cima da hora. Caminhava depressa, havia milésimos de segundo contados para cada passo e apesar do sol, das pernas lutarem contra a velocidade imposta pelo cérebro, chegar atrasada não fazia parte do plano.

Aproximava-me da metade do caminho, quando, de repente, um rapaz vestido de preto, naquilo que parecia ser um uniforme, com um capacete na mão esquerda sai de uma das casas e ao me ver, pára. Sorri e exclama:

- Nossa! Que moça mais linda! Que maravilha!

Minha reação foi quase imediata e desajeitada. Abaixei a cabeça e sem diminuir o ritmo dos passos disse-lhe bem baixinho: “Tudo bem?” Apenas por dizer, sem esperar resposta, é claro.

Continuei caminhando, cabeça baixa, quando ele ainda acrescentou:

- Parece que já conheço.

Confesso que não vi direito o rosto dele (sua aparição repentina me desconcertou) e não me atrevi a olhar para trás para confirmar que aquelas palavras não passavam de uma artimanha para tentar conquistar a moça que passava pela rua e como a moça que passava pela rua era eu, então fiquei sendo a moça linda, a maravilha...

E assim, sendo a moça linda, a maravilha, segui com meus passos rápidos pensando no quanto é engraçado como os homens se comportam quando um rabo de saia (no meu caso, uma barra de calça, pois não uso saias) passa por eles.

Fico imaginando, o que será que impulsiona atitudes como esta?
Elevar o ego de uma mulher? Duvido muito...

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Dany Ziroldo

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

MEME: OS SETE PECADOS CAPITAIS

Oi pessoal,
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Recebi um desafio (posso chamar isso de desafio, né? rsrs) da Chica, do Blog CUIDANDO DO NOSSO GRANDE CANTEIRO, responder um Meme sobre Os Sete Pecados Capitais e resolvi tentar responder... Então vamos lá:
Primeiro vou colar uma breve explicação sobre os setes pecados capitais, o qual copiei do blog da Chica, mas não sei ao certo de quem é esta definição (talvez você possa me ajudar Chicaaaaaaaaaa rsrs):
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" 1) Gula: consiste em comer além do necessário e a toda hora;
2) Avareza: é a cobiça de bens materiais e dinheiro;
3) Inveja: desejar atributos, status, posse e habilidades de outra pessoa;
4) Ira: é a junção dos sentimentos de raiva, ódio, rancor que às vezes é incontrolável;
5) Soberba: é caracterizado pela falta de humildade de uma pessoa, alguém que se acha auto-suficiente;
6) Luxúria: apego aos prazeres carnais;
7) Preguiça: aversão a qualquer tipo de trabalho ou esforço físico"
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Agora as minhas respostas:
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1) Gula: Bem, preciso confessar, estes é uns dos pecados capitais que cometo constantemente, principalmente quando houver rastros de açúcar naquilo que pretendo comer, talvez isso justifique os meus quilinhos a mais rsrs. Se deixarem chupo um pacote de bala em minutos. Sem contar os chocolates, bolachas recheadas, milk-shakes, etc... Comida saudável que é bom? Sem chance rsrs

2) Avareza: Isso posso dizer que é algo que não possuo, pelo menos não que eu já tenha notado. Sou simples, gosto de me sentir a vontade no quesito roupas e calçados, por isso, geralmente, vão me encontrar de calça jeans, tênis e uma baby look. Não ligo para acessórios, sapatos, maquiagem, unhas feitas, cabelos arrumados, etc e tal... Talvez seja um pouco econômica, do tipo que não gasta dinheiro a toa, mas avarenta, não.

3) Inveja: Digamos que já senti uma pontinha de inveja sim (quem nunca sentiu?), mas procuro não deixar esta inveja se tornar uma inveja ruim, aquela que nos faz querer tomar o lugar da outra pessoa e fazer de tudo para isso. Procuro transformá-la em uma “inveja boa” (nem sei se posso chamar assim), aquela nos faz ir em busca dos nossos sonhos, querer ser mais e melhores, no entanto, por méritos próprios, nunca passando em cima de ninguém.

4) Ira: Dizer que nunca estive irada, talvez seja hipocrisia, pois já senti raiva, ódio, não uma, mas várias vezes (do meu irmão principalmente rsrs),entretanto, sou muito controlada neste ponto, raramente me ofendo e quando me ofendo, muito mais raramente me defendo ou sou capaz de guardar este sentimento por muito tempo.

5) Soberba: Não me considero soberba, ao contrário, me acho dependente demais...

6) Luxúria: Bem, não sofro deste mal.

7) Preguiça: Outra confissão, sou um pouquinho preguiçosa (minha mãe que o diga!!! rsrs) No entanto, isso é mais para os serviços domésticos, fora de casa, a preguiça não atrapalha, não. Mas preciso melhorar neste ponto aqui em casa rsrs.
Sabem, é bom refletir um pouquinho sobre nossas falhas, com certeza, isto só nos fará crescer, amadurecer, ser pessoas melhores. Defeitos todos possuem, é impossível querer ser perfeito. Esta qualidade pertence unicamente a Deus.
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As regras deste Meme diz o seguinte:
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- Passar para 8 blogs
- Avisar e Linkar os blogs escolhidos
- Publicar suas respostas no blog
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Entretanto, prefiro não repassá-lo para ninguém. Deixo-o aqui, a disposição, para todas as amigas e amigos quem passam por aqui, comentam ou não e desejarem aceitar este desafio.
Um beijo enorme no coração de todos vocês!
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Dany Z.