Quando ele se aproximou do balcão, o reconheci no mesmo instante. Com a camiseta rasgada, olhos avermelhados e com um rosto um tanto calejado para a idade, não se parecia mais com aquele menino atentado que vivia aprontando na escola e que, quando ainda estávamos no prezinho, foi meu par na valsa que já nem me lembro dos passos.
Levantei-me para atendê-lo esperando não ser reconhecida; no entanto, antes mesmo que pudesse lhe fornecer a informação solicitada, me lançou a pergunta:
- Dany, você lembra de mim?
Sim, eu me lembrava. Não sei exatamente por qual motivo, mas eu me lembrava. Deveria fazer mais de dez anos que não nos cruzávamos e mesmo assim eu me lembrava dele. Inclusive do seu nome.
- Lembro sim, Carlos. Como você está?
Estendeu-me a mão, sorriu e disse-me estar bem.
- Dany, você lembra de mim?
Sim, eu me lembrava. Não sei exatamente por qual motivo, mas eu me lembrava. Deveria fazer mais de dez anos que não nos cruzávamos e mesmo assim eu me lembrava dele. Inclusive do seu nome.
- Lembro sim, Carlos. Como você está?
Estendeu-me a mão, sorriu e disse-me estar bem.
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Não ousei lhe perguntar o que andava fazendo ou como estava sua vida, pois sua aparência já denunciava como as coisas possivelmente se encaminharam. E depois, nunca houve laços de amizade entre nós. Provavelmente, o par da valsa foi escolha da professora e não nossa; afinal, não era dado o direito de escolha para crianças de cinco anos.
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E assim, educadamente, sem demonstrar nenhum outro sentimento, lhe forneci a informação desejada. Houve mais um aperto de mãos e algumas palavras de despedidas.
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Depois que ele desapareceu pude ouvir o comentário entre as outras pessoas da sala: “Que dó desse menino. Se perdeu no mundo, coitado”.
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Não sabia, ainda não sei, contudo, imaginei para quais direções a vida daquele menino atentado do passado havia seguido. Não deveria, mas também senti pena...
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Dany Ziroldo
Dany Ziroldo