sexta-feira, 27 de março de 2009

LEMBRA-SE DE MIM?



Quando ele se aproximou do balcão, o reconheci no mesmo instante. Com a camiseta rasgada, olhos avermelhados e com um rosto um tanto calejado para a idade, não se parecia mais com aquele menino atentado que vivia aprontando na escola e que, quando ainda estávamos no prezinho, foi meu par na valsa que já nem me lembro dos passos.
Levantei-me para atendê-lo esperando não ser reconhecida; no entanto, antes mesmo que pudesse lhe fornecer a informação solicitada, me lançou a pergunta:

- Dany, você lembra de mim?

Sim, eu me lembrava. Não sei exatamente por qual motivo, mas eu me lembrava. Deveria fazer mais de dez anos que não nos cruzávamos e mesmo assim eu me lembrava dele. Inclusive do seu nome.

- Lembro sim, Carlos. Como você está?

Estendeu-me a mão, sorriu e disse-me estar bem.
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Não ousei lhe perguntar o que andava fazendo ou como estava sua vida, pois sua aparência já denunciava como as coisas possivelmente se encaminharam. E depois, nunca houve laços de amizade entre nós. Provavelmente, o par da valsa foi escolha da professora e não nossa; afinal, não era dado o direito de escolha para crianças de cinco anos.
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E assim, educadamente, sem demonstrar nenhum outro sentimento, lhe forneci a informação desejada. Houve mais um aperto de mãos e algumas palavras de despedidas.
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Depois que ele desapareceu pude ouvir o comentário entre as outras pessoas da sala: “Que dó desse menino. Se perdeu no mundo, coitado”.
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Não sabia, ainda não sei, contudo, imaginei para quais direções a vida daquele menino atentado do passado havia seguido. Não deveria, mas também senti pena...
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Dany Ziroldo

8 comentários:

  1. Daniii!
    Custumo dizer que pena é a pior coisa q podemos sentir por outro alguém... Mas sentimos. Ainda mais qunado vem junto aquela sensação de impotência,de não poder fazer nada pra ajudar.. Estranho isso...
    Talvez se tivesse dito uma só palavra...
    Enfim...

    Muito tocante teu texto, moça Dani Z.
    Te admiro muito!

    Ótimo sábado!

    Beijo!

    Milla

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  2. Belo texto ou contexto não tão belo quanto o teu texto...

    Poderia ser uma estória de superação. Infelizmente não se configurou assim...

    Bem, o que importa dizer é que o textoé ótimo e tua sensibilidade registra a tristeza de alguém que sabendo o que é humano, desejava humanizar a humanidade.

    Carinho,

    Mai

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  3. Que triste isso,não? As pessoas escolhem seus caminhos e muitas vezes passam por nós, nos reencontramos e cada um está de um lado da estrada. Há tanta distância!E não é uma sensação boa ver isso! Um beijo,chica

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  4. É Dany, q pena não!
    infelizmente não temos controle nenhum sobre o tempo ou as pessoas.
    Existem pessoas q encontro de vez em quando q me surpreendem, outras me deprimem rss
    mas é assim msmo!
    me desculpe a ausencia, ainda estou sem pc, por isso estou entrando raramente.
    quando consertar estarei ativa novamente..
    bjokass

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  5. Não sinto pena, tampouco indiferença. Mas fica uma espécie de suspiro sentido.

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  6. Nossa mto triste isso, tenho medo de que isso aconteça com alguém mto proximo de mim, mesmo que a gente tente conversar, alertar a pessoa, no fim só ele que pode decidir o que fazer da vida...

    Bjks.

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  7. Daniiiiiiiiii!

    Que mania você tem de sumir menina poeta-poeta mulher!

    Bem, mas to passando para desejar um final de semana ILUMINADO pra vc!

    Um beijo grande!

    Menina fabricante de sonhos! ( como vc me chama! rs)

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  8. Eu geralmente faço o que posso para evitar esses encontros!
    Prefiro deixar o passado no passado.
    Mas quem disse q podemos controlar acasos como esses???
    =/

    Abraços!

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Dany Ziroldo