sábado, 4 de outubro de 2008

CALAR-SE


Calar-se é uma forma de não correr riscos, calar-se é uma forma de tentar se proteger, por isso, tento me calar.

Tento, mas as palavras acabam saindo sorrateiras por minha boca e quando percebo já foram ditas e uma vez ditas, torno-me vulnerável e se antes tentava esconder que estava com medo, agora já não posso mais.

Quando as palavras me escapam sorrateiras, dizem o que pensam e o que eu penso, abrindo uma fresta que se enche de arrependimento para tentar encobri-la, no entanto, o arrependimento é invisível e ninguém o enxerga, quando olham por esta fresta, enxergam apenas a mim e tudo mais que tento esconder.

Calar-se é uma forma de deixar de dizer o que não penso, um não pensar que é dito por medo, por acomodação ou por forças das circunstâncias. Este falar sem pensar camufla as frestas abertas, entretanto, apenas aumenta minha culpa.

Queria somente me calar e não precisar mais dizer, assim não sentiria culpa por ter dito sim quando deveria ter dito não ou vice versa. Queria somente me calar para não ter que dizer não depois de já ter dito sim e por esta razão, sentir um arrependimento sem motivo, um arrependimento por ter dito o que pensava, o que sentia.

Queria somente me calar, contudo tenho consciência de que isto que tento fazer remédio pode transformar-se em veneno, aumentando este sentir que me assola, em vez de aliviá-lo... Por ter esta consciência, às vezes, digo, mas digo baixinho, assim quase ninguém ouve e quem ouve não entende...

Danielly Ziroldo
* imagem pesquisada em : http://creativecommons.org.br/

Um comentário:

Saber que você passou por aqui é muito importante para mim... Portanto, não deixe de comentar...

Agradeço-lhe a visita!

Abraços,

Dany Ziroldo