quinta-feira, 25 de setembro de 2008

MEU PRESENTE ESPECIAL PARA VOCÊ



Ontem, resolvi ir à rua do comércio, destas ruas que existem em todas as cidades, para lhe comprar um presente, afinal, hoje é o seu aniversário e não poderia deixar este dia passar em branco. Nas diversas lojas pelas quais passei, mostraram-me inúmeros presentes: jóias, roupas das marcas mais famosas, casas e carros luxuosos. Infelizmente, tudo isso era muito caro e mesmo querendo lhe dar o que há de melhor, eu não tinha dinheiro suficiente.

Já estava voltando para casa, cabisbaixa, quando vi uma linda rosa na vitrine de uma floricultura, resolvi entrar, ao saber o preço, não pude disfarçar meu sorriso de felicidade: A rosa, eu poderia comprar!

Enquanto a vendedora enfeitava a rosa com um laço que combinava com sua cor, me perguntou se entregaria o presente ainda naquele dia. Disse-lhe que não, que o seu aniversário era hoje, mas só entregaria o presente no sábado, porque você morava longe e apenas neste dia poderia te encontrar. A moça, que antes me sorria, me olhou com uma cara de preocupada e sem me perguntar nada, devolveu a rosa à vitrine. Não entendi o seu gesto, afinal, eu iria pagar por aquela rosa, que seria meu presente para você!

Ela voltou-se para mim e disse:

- Menina, desculpe, mas eu não posso lhe vender esta rosa, porque quando você for entregá-la para sua amiga, já estará murcha e feia, tenho certeza de que ela não gostaria de receber um presente assim.

A vendedora tinha razão, como poderia lhe dar uma rosa murcha? Nem tive como argumentar... Fui embora, triste, pois já era tarde e ainda não tinha nenhum presente para lhe dar.

À noite, estive pensando... Quem será que poderia me ajudar a escolher um presente especial para minha amiga?

Pensei, pensei e lembrei-me de Deus. Quem sabe, Ele pudesse me ajudar. Fechei os olhos e comecei uma oração: "Papai do céu, tenho um grande problema e preciso muito da sua ajuda, amanhã é o aniversário da minha amiga Adirene e não sei o que lhe dar de presente, e já que o Senhor sabe de todas as coisas, talvez possa me dar uma idéia..."

Por alguns minutos só ouvi o silêncio, até achei que Deus não pudesse me socorrer. Estava quase adormecendo, quando Ele falou comigo: "Minha filha, tenho certeza de que sua amiga ficaria muito feliz com qualquer presente que você comprasse, entretanto, há coisas muito mais importantes que poderia lhe oferecer, as quais não existe em nenhuma loja das ruas do comércio... Você poderia lhe oferecer sua amizade sincera, seu carinho, seu ombro para os dias em que ela precisasse de alguém para se apoiar, seu abraço para os dias em que se sentisse só, seu sorriso para os dias em que estivesse triste e para os dias de alegria, a sua alegria sem inveja..."

- Senhor, mas sempre procurei lhe oferecer tudo isso...

- Tenho certeza que sim, – continuou Deus - contudo, estas coisas precisam ser renovadas e precisam ser mais do que apenas palavras, precisam ser demonstradas todos os dias, nunca é demais, e o dia do aniversário, é um dia especial, por isso penso que estes seriam bons presentes, os quais não acabarão, não sairão de moda, nem perderão a utilidade. São presentes que poderão ser guardados para a vida inteira...

Depois disso, Deus não me disse mais nada e nem foi preciso, entendi o que Ele quis dizer...

Por isso, neste dia especial, gostaria de renovar contigo minha amizade, dizer que você tem meu ombro para quando precisar de alguém para se apoiar, tem meu abraço a sua disposição, tem meu sorriso e minha alegria sem inveja para quando coisas boas lhe acontecer...

Minha querida amiga, fico muito feliz por Deus ter-lhe colocado em minha vida e espero que sempre esteja presente, mesmo na distância...

Ps.: Acho que amanhã voltarei a rua do comércio para ver se a moça tem uma rosa especial, uma rosa que nunca murche, para que assim, eu posso lhe presentear...

FELIZ ANIVERSÁRIO!!!

NEQEAV

25/09/2008


Esta mensagem é dedicada à minha querida amiga Adirene G. M. Santos...


Danielly Ziroldo

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

QUEM É ELA, MAMÃE?



- Oi “Mim”!

A menininha me olhou inteira, da cabeça aos pés, com uma carinha desconfiada e um tanto receosa. Foi andando de costas e olhando para mim, até que se aproximou das pernas de sua mãe.

-Quem é ela, mamãe?

A mãe não disse nada, mas pela sua expressão adivinhei que ela parecia também não saber.

Não me surpreendia esta sua falta de memória, nem poderia culpá-la, era tão pequenina... Fiquei com eles tão pouco tempo, apenas alguns meses e depois segui outro caminho, fui embora, sem ao menos me despedir.

Quanta ingratidão a minha! Alguns davam tantas demonstrações de carinho e eu, simplesmente fui embora, fui cuidar dos meus interesses e nem tive tempo de me despedir. Talvez nem se importaram ou nem sentiram a minha falta e hoje, quase três anos mais tarde, já nem se lembrem mais de mim... Eu também quase não me lembro deles...

No entanto, dela eu me lembro, acho que deve ser porque era tão pequenina (a menor de todas), era tão carinhosa e vivia grudada na gente... Nada pode ser mais gratificante do que o amor oferecido por uma criança, um amor de um interesse tão inocente, que talvez nem possa ser considerado interesse e passa a ser, apenas, inocente...

Por alguns segundos, continuou me olhando... Saiu de perto das pernas da mãe e deu alguns passos em minha direção, agora não tinha mais desconfiança em seu rostinho, havia somente curiosidade. Deveria estar se perguntando quem era aquela mulher que lhe sorria e sabia seu nome.

Aproximou-se sorrindo, então, lhe sorri mais uma vez e como ela parecia não saber o que dizer, mesmo sem jeito, eu lhe disse...

- Oi “Mim”, você não lembra mais de mim? – perguntei já sabendo a resposta.
- Não. – respondeu-me espontaneamente e ainda sorrindo.
- É que você era pequenina assim... – mostrei-lhe com minha mão a altura que deveria ter.

Mesmo não se lembrando mais do meu rosto, continuou sorrindo. Instantes depois, corria atrás da mãe que se perdia em meio ao aglomerado de pessoas. Enquanto corria, olhava para trás, sorria e seus olhos pareciam me dizer: “Acho que sei quem é você, só que não me lembro agora, mas vou lembrar...”



Danielly Ziroldo



sábado, 20 de setembro de 2008

Caso Estrada Boiadeira – Capítulo 40


Em comemoração aos quarenta anos da idealização da pavimentação da Estrada Boiadeira, escrevo o quadragésimo capítulo do Caso Estrada Boiadeira.

“Como assim quadragésimo capítulo? O que aconteceu com os outros trinta e nove?”

Pessoal! Muita calma nessa hora. Vamos por partes.

Primeiramente, tenho que confessar: não existem outros trinta e nove capítulos sobre o Caso Estrada Boiadeira, quer dizer, ainda não existem!

Eu só achei que seria interessante se alguém tivesse escrito ao menos um capítulo por ano, desde que a estrada foi idealizada. Pensem, já teríamos um livro! Mas como ninguém se lembrou de escrever sobre isso (ou alguém lembrou?), vamos fazer de conta que há outros trinta e nove capítulos perdidos por aí, isso mesmo, perdidos pela estrada, como um tesouro enterrado e já que eles estão escondidos e ninguém os encontrou ainda, escrevo o quadragésimo capítulo, para combinar com os quarenta anos.

A história é a seguinte, hoje, ouvi na rádio local da minha cidade uma entrevista, com alguém importante de um departamento de construção de estradas, a respeito da Estrada Boiadeira e os quarenta anos que já se passaram desde o seu início até os dias atuais. Imagino que, provavelmente, devam estar se perguntando: “Mas qual o problema da estrada?”; “Será que a pavimentaram há quarenta anos e esqueceram que ela existe e por isso está toda esburacada?”

Bem, preciso lhes dizer que o problema é pior do que apenas buracos. Lembram que usei no início a palavra “idealização”? Pois é, é isso mesmo o que vocês estão pensando: tudo não passou de uma idéia, ou seja, a estrada nunca foi pavimentada!!! (Pelo menos, não a parte da estrada que eu conheço...)

Afinal, o que são quarenta ou, quem sabe, cinqüenta anos?

Deixando os quarenta ou cinqüenta anos para lá, voltemos para a estrada. Para quem não sabe, a Boiadeira é uma estrada que liga algumas cidades aqui da região, apesar de ouvir falar dela desde que nasci, principalmente em época de campanha eleitoral, não sei praticamente nada a seu respeito, nem onde começa, muito menos onde termina. E a explicação do seu nome, ele mesmo nos diz.

(O que? Se já fui buscar outra explicação para a denominação Boiadeira? É claro que já fui!!! Vocês acham mesmo que eu, com toda esta fértil imaginação, não iria buscar alguma história fantástica que tentasse explicar o motivo de lhe terem batizado assim? Pois bem, fui, mas tive que me contentar com a história dos bois que passavam por lá...)

Sinceramente, para mim, a Estrada Boiadeira significa o seguinte: Primeiro, a estrada de chão aonde fomos fazer algumas expedições nas aulas práticas de biologia na época do colégio (sabem, tenho boas recordações daquele tempo) e, segundo, a estrada que começaram e nunca terminaram e que tem sempre alguém dizendo que vai concluir.

Contudo, de acordo com o que ouvi no rádio hoje, muito em breve, a Estrada Boiadeira estará pavimentada, portanto, sua pavimentação natural, feita do solo destas terras, passará a ser apenas uma boa recordação, com um misto de alívio e saudade, para alguns milhares de pessoas...

Só fico pensando em uma coisa, se isso realmente acontecer, o que será que vão prometer nas próximas eleições?


Danielly Ziroldo



quinta-feira, 18 de setembro de 2008

ELA É ASSIM...

Quem a vê de longe e pela primeira vez, imediatamente, a considera meio doidinha (essa foi minha primeira impressão). Todo o seu falar desenfreado, sem medir as palavras e a altura de sua voz, toda a sua presença notada a quilômetros de distância, toda a sua maneira de transformar, de um minuto para outro, pessoas quem nunca viu em amigos de longa data... Assim é ela, pelo menos aos meus olhos, ela me pareceu ser assim e que bom que ela é assim e nos cruzamos naquele dia.

Se você tirou a primeira habilitação agora, vai entender melhor o que vou dizer. Quando iniciamos o processo para obter a CNH (Carteira Nacional de Habilitação), passamos por três ou quatro testes (isso vai depender se vai fazer para carro e moto ou para apenas um dos dois) e passar por testes é sempre uma “tortura” psicológica tremenda para a maioria das pessoas. Aquela espera interminável, os olhares aflitos de todos os candidatos a sua volta, que se juntam ao seu, o frio que nos congela o estômago, a inquietação que não nos permite ficar parados, o tremor que toma conta de todo nosso corpo e o causador de quase tudo: o medo de não passar.

Vou pular os angustiantes dias do psicotécnico, da legislação e do teste prático de carro e ir direto ao teste prático de moto para falar um pouquinho dela.

Já um pouco experiente e aliviada por ter passado no teste de carro alguns dias antes, segui para o DETRAN, não menos nervosa, para o tão esperado teste prático de moto. Ao chegar lá, nenhum um rosto conhecido, o que me deixou mais apavorada. Mais tarde ela chegou, mesmo a achando um pouco doida, de alguma maneira me senti mais tranqüila. Então ela começou a falar, falar, a rir e quando me dei por conta já estava tão mais calma e rindo também, que fazer o teste agora não me seria tão penoso.

Seguimos em fila indiana ao “matadouro”, todos com a mesma aflição e medo, o que nos tornou solidários uns para com os outros. Desejávamos boa sorte para quem ia, torcíamos silenciosamente para que tudo saísse perfeito, nos entristecíamos quando alguém não passava e nos alegrávamos e parabenizávamos quem recebia um sinal de positivo, um sinal de que estava apto.

Era a vez dela, tudo saiu perfeito e com tanta felicidade nos abraçou. Chegou minha vez, estava feliz por ela, pelos que já haviam passado e aflita com os que haviam reprovado, por temer desequilibrar na prancha também.

Assim segui para a hora da verdade, não tão nervosa como no último teste, pois ela estava ali com o seu falar desenfreado, sua presença marcante, sua maneira de transformar pessoas que nunca viu em amigos de longa data. Quando terminei o percurso e desci da moto mal consegui permanecer em pé, de tanto que minhas pernas tremiam e ainda havia a incerteza do resultado, mas o parabéns que recebi dela e o abraço, me fez sorrir e colocou fim naquela tortura.

Pois é, ela é assim e espero que continue sendo assim para sempre, mesmo que de longe a considerem meio doidinha...
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Danielly Ziroldo

Ei, Você! Você Mesma, Falo De Você...

Não sei se você irá ler este texto, mas se porventura isso acontecer, leia com atenção, principalmente, nas entrelinhas, pois irei falar de você, mas não direi seu nome. Não sou de dizer nomes, como você, tão espontaneamente e sem desagradar os donos dos nomes, diz. Como ainda não sou muito boa com as palavras, se eu ousasse dizer nomes, poderia criar desafetos (por não me compreenderem), antes mesmos, deles se tornarem meus afetos.

Entretanto, vamos deixar essa questão de nomes para lá e vamos voltar a você, sim, você mesma. Não sei como explicar, mas o fato é que você me intriga, quer dizer, suas palavras me intrigam, porque para mim você é apenas o que suas palavras dizem, por isso corro um grande risco ao dizer que você me intriga, pois você pode não ser o que suas palavras me dizem ser, então precisaria lhe conhecer para saber quem realmente me intriga: você ou apenas suas palavras. Mas como não vamos nos conhecer, ficou decidido de que é você quem me intriga, já que para mim, você é as suas palavras.

Sei que deve estar pensando que estou apenas enrolando, por isso vamos direto ao ponto. Resolvi te ler depois que alguém citou seu nome e continue te lendo. Preciso dizer-lhe que tenho a impressão de que peguei você pela metade. Sabe quando passamos em frente à TV e pegamos um filme pela metade? E por estar tão interessante sentamos no sofá e ficamos ali, tentando juntar as partes ou começamos a perguntar o que aconteceu para quem estava assistindo desde o início? Como não tenho para quem perguntar (talvez até tenha, mas não ousaria fazer isso) fico aqui tentando juntar as peças, como num quebra-cabeça, para tentar te desvendar e te entender. Penso ser esta a única maneira de você não me intrigar mais.

Provavelmente, me diria que este problema é fácil de resolver: basta começar a ver o filme desde o começo.

Nem posso lhe dizer: “por que não pensei nisso antes?”, porque, pra dizer a verdade, já pensei. Então por que ainda não fiz isso? É simples, se eu começar a ver o filme desde início agora, isto significa que vou ter que parar de ver de onde estava vendo e, sinceramente, a minha curiosidade não permitiria que eu perdesse o desenrolar desta história (que espero não ter fim), mesmo que eu tenha que inventar as partes que perdi.

Sabe, se estivesse vendo o filme desde o começo, talvez você não me intrigasse tanto e o prazer de te ler (mesmo sem entender metade) não seria o mesmo (quero que fique bem claro que o prazer não deixaria de existir, no entanto, perderia este ar de mistério) e, com certeza, não estaria escrevendo um texto que não diz nada com nada (que poderia ser resumido em um comentário em sua escrivaninha: você me intriga...), o qual ainda nem sei se vou publicar, para você, quem nem disse o nome e por causa disso, daqui uns 100 anos, poderá morrer sem saber que falava de você ou pior, talvez nem chegue ao seu conhecimento que escrevi um texto que falava de você.

Se estivesse vendo o filme desde o começo, nem poderia ficar me perguntando o que/quem são e como surgiram as suas criações, não que eu não queira saber, mas é um querer não querendo, se é que me entende...

Ah, antes de ir almoçar e ficar pensando se posto ou não o texto, tenho que lhe contar que por sua culpa tive um sonho muito doido esta noite. Lógico, se eu contar o sonho, você irá saber que falo de você, então é melhor deixar pra lá...

Ps.: Se por acaso sentiu a falta de alguém esta noite é porque estava aqui, perdido no meu sonho.

Danielly Ziroldo

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

COISAS QUE NÃO POSSO ENTENDER

Há tantas coisas que acontece no mundo, as quais não sou capaz de entender, muito menos explicar. Perco horas pensando, pensando e procurando algumas respostas, no entanto, a conclusão sempre é a mesma: acho que as respostas não existem .

Não entendo, por exemplo, como apenas um olhar me faz amar ou odiar uma pessoa, sei que deve ser pré-julgamento da minha parte, mas por que isso acontece? Preconceito? Um olhar é tão pouco, mas, às vezes, é como se ele dissesse tanta coisa (será mesmo que diz? ou será coisa da minha imaginação?).

Não entendo como me torno admiradora incondicional de pessoas com as quais nunca troquei uma palavra; como outras me causam arrepios e sinto vontade de me esconder só de vê-las; como posso amar e odiar, admirar e temer, ao mesmo tempo, uma única pessoa; como amo pessoas que não sentem absolutamente nada por mim e como outras me amam e aí, sou eu quem não sente absolutamente nada.

Não entendo como posso não amar quem me daria sua vida, se esta fosse minha vontade.
Não entendo como o encanto, o amor ou a amizade por alguém pode acabar, assim, de repente. Será que os sentimentos não eram verdadeiros? Impossível, porque os senti no fundo da alma! Então, provavelmente, foi a minha imaginação que quis transformar uma pessoa de carne e osso em um ser perfeito. Se este é o motivo, por que desta não aceitação da imperfeição das pessoas se eu também sou imperfeita?

Não entendo o que impulsiona algumas pessoas a serem tão legais comigo, enquanto outras me são tão hostis.

Não entendo o poder e como as pessoas mudam por causa dele. É como se um cargo, um título, uma única palavrinha outorgasse poderes especiais a quem a possui e o tornasse imortal e inalcançável.

Não entendo o que querem dizer algumas músicas, filmes, poemas, crônicas ou contos, porém, os acho tão lindos e mesmo sem entender, ainda são capazes de me arrancar lágrimas.
Não entendo quando o coração aperta, os olhos se enchem de lágrimas e mesmo sentindo uma dor angustiante, não sou capaz de explicar os motivos desta agonia.

Não entendo muitas das minhas atitudes, seria tão mais fácil agir de outra forma, entretanto, quando me dou conta disso, já é tarde e resta-me somente o arrependimento.

Não entendo o arrependimento, mesmo quando não fiz nada de errado, ele surge, me fazendo sentir-se culpada por me defender, por dizer o que sinto ou por fazer o que sempre tive vontade. Por causa dele, fico quieta quando me ferem, deixo de dizer às pessoas o que se passa em meu coração (por vezes coisas tão simples para mim, mas que poderiam ser tão importantes para o outro) ou fico apenas na vontade...

Não entendo a política.

Não entendo os homens e as mulheres.

Enfim, não me entendo e ainda exijo que me entendam.


Danielly Ziroldo

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Quem nos entende?


Às vezes, tenho a sensação de que ninguém me entende, quer dizer, acho que talvez vocês me entendam, no entanto, o resto do mundo não nos entende.

Deixem-me explicar, antes que vocês passem a não me entender.

O que será que ninguém entende? Bem, ninguém entende o que estou fazendo agora, o que vocês fizeram não faz muito tempo ou vão fazer daqui a pouco. Ninguém entende esta necessidade quase incontrolável de transformar em palavras tantos pensamentos, sentimentos, ou as nossas loucas viagens imaginárias.

Ninguém entende quando permanecemos por horas na frente do computador, principalmente, quando deixamos algo por fazer e corremos para a nossa querida página do Word ou para uma caneta e um pedaço de papel.

Como não nos compreendem, nos gritam, justo no momento em que estamos quase encontrando aquela palavra, aquela que procuramos por horas; então exigem nossa atenção para alguma coisa sem muita importância e quando voltamos para o texto, a palavra se perdeu novamente. Se respondemos de forma “mal educada”, nos compreendem menos ainda e como se fôssemos as piores pessoas do mundo, despejam um turbilhão de palavras que caem como pedras em nossas cabeças, nos desnorteiam e já não somos capazes de refazer o que em alguns minutos atrás estava perfeito em nossas mentes.

Ninguém entende se permanecemos acordados até de madrugada ou se demonstramos impaciência quando nos procuram para conversar ou se pedimos que não nos incomodem por alguns momentos, nossos tão amados momentos de silêncio e solidão.

Como não nos compreendem , nos julgam e passamos a ser viciados em internet, anti-sociais, mal-humorados, solitários ou pior, somos rotulados como aquele que vive com a cabeça no mundo da lua.

Alguns, quando vêem nosso trabalho pronto, nos admiram, desejam ser como nós, mas no fundo, bem lá no fundo, ainda não nos entendem. E como é angustiante perceber que ninguém te entende!

Sabem por que não nos entendem? Porque ainda não experimentaram sentir o que sentimentos, ver o que vemos ou transformar em palavras o que passam por suas mentes.


Espero que ao menos vocês me entendam...


Danielly Ziroldo



Quando o amor é cego


Quando o amor é cego
Torna-se egoísta
Pretende amarrar a si um outro amor
Quando o amor é cego
Não percebe o não amor do outro
E o ama, com toda sua dedicação, o ama
Quando o amor é cego
Sufoca o ser amado
E com algemas de prata o prende
Quando o amor é cego
Lentamente, mata
Lentamente, morre...


Danielly Ziroldo

Versos de amor apenas por esta noite


Por toda esta noite recitei versos
Versos que não me pertencem
Versos que ainda nem foram escritos

Por toda esta noite recitei versos
Versos que sei falarem de amor
Versos que já não me recordo

Por toda esta noite recitei versos
Para uma platéia inventada
Imaginando ver entre ela seus traços

Por toda esta noite
Transfigurei-me em poesia
Para verbalizar um sentimento
Que em meu peito cala...


Dany Ziroldo

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O OUTRO LADO DO MUNDO (Ale Alves feat. Dany Z.)



Alguém me salve... alguém pode me salvar?;
Se estivesse aqui, será que eu poderia voar?;
Queria sair desse mundo, e te levar para o meu...;
Mundo mau ou mundo bom... dois mundos: sou eu?


Se eu tivesse asas, lhe emprestaria
Se estivesse aí, te salvaria
Todas as tuas dúvidas, solucionaria
Apenas para você, um mundo inventaria


Usaria essas asas, assim eu voaria;
Num mundo, onde quem sabe uma história eu inventaria;
Viver num mundo à salvo, onde sem dúvidas viveria;
Saber que tenho você... a salvo, comigo... lá, te amaria;


Sem receios, esse amor aceitaria
Neste mundo, nada nos alcançaria
Dúvidas? Dores? Ali não existiria
Mas se houvesse perigos, eu te protegeria


Se esse mundo pode existir, vamos torná-lo real;
Usar um par de asas, voar juntos, ter o corpo de metal;
Sem dores, sem dúvidas... com poderes sem igual;
Que tenha perigo, que tenha ousadia... tudo seria sensacional


Estou pronta, esperando apenas por você
Para embarcarmos para este mundo que ninguém vê
Nosso mundo de sonhos e encantos
Nosso mais doce e belo recanto


* Estes versos são o início de uma parceria, que esperamos, sinceramente, que nunca finde...

Alexandre Castro Alves
e Danielly Ziroldo

sábado, 13 de setembro de 2008

A PORTA-VOZ


Se tivesse que optar por uma palavra que a definisse, com toda a certeza, escolheria espontaneidade. Penso ser esta, a melhor palavra já inventada para adjetivá-la. Ela é, simplesmente, espontânea. Diz o que pensa e o que sente no exato momento em que os pensamentos e sentimentos lhe surgem. Provavelmente, este adjetivo traga-lhe alguns contratempos, como soltar uma ou outra palavra que não deveria ser dita naquele momento em especial; provavelmente, já deve ter passado como louca, atrevida ou petulante aos olhos dos demais, no entanto, precisamos concordar que de alguma forma invejamos não possuir ao menos um terço de sua espontaneidade.

Por sorte, é que além da palavra espontaneidade, também inventaram a palavra porta-voz, então, ela surge assim, como nossa porta-voz. Aquela que verbaliza nossos pensamentos e sentimentos, justo nas horas em que o silêncio reina e a expressão de cada rosto não é mais capaz de disfarçar o que se passa por nossas mentes e corações. É verdade que pensamos, sentimos e, principalmente, sabemos que o que nos inquieta, nos inquieta coletivamente, no entanto, ninguém ousaria dizer. Falta-nos a tal da espontaneidade.

Alguns nunca admitirão que pensam e sentem o que ela verbaliza, pois, como dizem por aí, a verdade, por vezes, é mais dura do que pedra e dizê-la, pode parecer indelicado e de uma falta de educação tremenda. Talvez as boas maneiras nos tenham ensinado a não falar de boca cheia, mas, às vezes, temos vontade de fazer exatamente o contrário, pois se não falarmos exatamente naquele momento (que por um capricho do destino, nossa boca está cheia), parece que nossas palavras não terão mais tanto sentido.

Contudo, como aquilo que nos falta, lhe sobra; silenciosamente, a elegemos como nossa porta-voz. E aos pouquinhos, ela vai nos fazendo rir e vai nos aliviando com suas palavras, que indiretamente, também são nossas...


Danielly Ziroldo

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Reflexões sobre o que ser quando crescer


Ao querido amigo Alexandre Castro Alves, em resposta às suas reflexões.





“Reflexões a respeito de ser contador (a) de histórias...


Bom... se você me perguntasse, hoje, o que eu gostaria de ser quando crescer, eu poderia ser contador de história... motivo: eu poderia ser quem eu quisesse ser, no mundo em que eu quisesse... defender as pessoas que eu quiser, fazer de vilões quem eu desejasse... Poderia voar, ter força, ser imortal...; poderia viver em um país melhor, ou pior, desde que eu fosse o herói... hehehe... melhor dizendo: eu seria o herói! Afinal... eu contaria a história!Talvez eu quisesse ser contador de histórias também...
Pensando assim...!
Mas no fundo... eu quero saber o motivo do porque você poderia ‘ser contadora de história quando crescer’...”


Alexandre Castro Alves


***


Já se você me perguntasse o que eu gostaria de ser quando crescer, diria que poderia ser contadora de histórias, e por um, ou melhor, dois simples motivos: para encantar e levar sonhos através das minhas histórias. As minhas justificativas se resumem em duas palavras, mas nem por isso, são tão diversas das que você imaginou.

Para encantar e levar sonhos, precisaria deixar de ser quem sou por alguns breves instantes (temos que concordar que quase sempre somos monótonos demais e o encanto e o sonho não se encontram na monotonia), precisaria, enfim, me transformar na heroína de algumas histórias, na vilã de outras ou quem sabe, ter o poder de voar, ser forte e quase indestrutível como a “Super Mulher” (penso que os heróis nunca serão totalmente indestrutíveis, pois só há emoção nas histórias se houver a criptonita para ameaçá-los por vezes, para que assim, possam superá-la e mostrar ao mundo porque lhes chamam heróis).

Para encantar e levar sonhos, precisaria ser capaz de fazer com que você, eles e elas acreditassem, por alguns breves instantes, que poderiam ser o que desejassem ser, que poderiam mudar o mundo, que ainda poderiam ter esperanças e, principalmente, poderiam sonhar...

Penso que não deve ser uma tarefa simples se tornar um(a) contador(a) de história. Precisamos de magia, dom e, principalmente, sermos sonhadores, no entanto, sonhadores com os pés no chão, para não transformar em loucura o que era para ser apenas encanto e esperança...

Ainda não sei se tenho os ingredientes necessários para me tornar uma contadora de histórias, entretanto, espero descobrir isso em breve, assim que eu crescer...



Danielly Ziroldo

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A CONTADORA DE HISTÓRIAS


A maneira como cativa todos os que a ouvem é esplêndida! Adultos, que já não são mais crianças, por um momento (a duração exata de uma história) transformam-se novamente em meninas e meninos.

Tudo nela parece estar em plena harmonia: os gestos, a voz e o olhar.

O encanto daqueles que já não são mais crianças se observa no brilho de seus olhos, que acompanham atentos todos os movimentos e com um abrir de boca, demonstram o tamanho de seu deslumbramento.

Por detrás da simplicidade das suas histórias sempre há um sentido mais complexo e único para cada um que a ouve, sentido este que vai além de qualquer explicação, por mais elaborada e baseada em famosas teorias filosóficas, que esta possa parecer.

Por acaso, acreditam naquela palavrinha chamada “DOM”? Espero que sim, pois esta é a palavra perfeita para definir o que ela faz. Dom de contar histórias, dom de transformar adultos com o peso do mundo nos ombros em crianças despreocupadas e esperançosas, dom de encantar, simplesmente, encantar.

Sobre a sua história? Bem, desconheço. Sei apenas o que se passou depois do momento em que ela entrou por aquela porta, transformou a sala de aula em um lugar de sonhos e sem que ninguém esperasse nos deu uma estrela que brilha apenas para nós, nos ofereceu carinhos quentes, nos falou sobre o significado de saudade da maneira mais bela que já ouvi e se despediu dizendo: NEQEAV...

Isso mesmo! Despediu-se com NEQEAV, uma palavra que a princípio parece ser apenas uma junção despropositada de letras, mas que possui um significado primoroso, que só quem ouviu e se emocionou com a história poderia entender e talvez tentar explicar.

...

Sabe, ainda não sei quais foram as suas “reflexões” a respeito do fato de me fazer querer ser uma contadora de histórias e, provavelmente, elas não tenham nada a ver com o que estou dizendo, no entanto, a única coisa que porventura possa justificar isto, penso que seja o encanto que me invadiu ao ouvir suas histórias, encanto que me fez querer, assim de repente, levar o sonho e a esperança às crianças e aos adultos por meio de simples, nem por isso menos complexas, significativas e belas, histórias...



Danielly Ziroldo


terça-feira, 9 de setembro de 2008

QUERO SER QUANDO CRESCER


Ao encontrar uma criança, é quase inevitável deixar de lhe perguntar o que quer ser quando crescer, é como se soubermos e elas souberem disso, pudéssemos movimentar alguns pauzinhos para tornar este sonho realidade, como se aquele sonho de criança, fosse um sonho para a vida inteira.

Não digo que um sonho de criança não possa se tornar um sonho para a vida inteira, mas é mais provável que ele se transforme, da mesma forma como nos transformamos conforme vamos crescendo e conhecendo o mundo.

Lembro-me de que no pré, quando me perguntavam o que queria ser quando crescer, de que dizia toda feliz que seria professora. Alguns anos mais velha, influenciada pelas Chiquititas (lembram da novela Chiquititas?, pois é, não perdia nenhum capítulo) queria, porque queria, ser cantora e atriz (é verdade que não levava o menor jeito, mas criança não sabe destas coisas).

Mais tarde, quando conheci a poesia, quis fazer-me poeta. Depois, quis ser advogada e nesse monte de querer ainda quis ser jogadora de futebol. E sobre ser professora, será que havia esquecido? Bem, naquela época esta idéia era inaceitável, no entanto, mudar de idéia quando criança não é difícil. Passada a fase advogada (sobre a fase jogadora de futebol, acho que esta nunca passou), voltei a querer ser professora, só não tinha certeza sobre o que ensinar: matemática, português, inglês, educação física? (Quantas coisas para escolher e nos exigem que façamos isso tão cedo!)

É, escolher o que ser quando crescer é uma tarefa muito complicada. Sobre mim, só sei que as coisas foram acontecendo, acontecendo e por fim, ficou decidido que seria professora. Porém, um dia apareceu uma tia aspirante a jornalista e não foi preciso mais para que deixasse novamente de querer ser o que já estava decidido.

O tempo passou e depois de tantos sonhos, depois de querer ser tantas coisas, descobri os meus não talentos para arte de cantar e encenar; descobri que ser poeta não é tão fácil e ainda não consegui me tornar uma; que as leis eram muito chatas de serem estudadas; que era um tanto perna de pau e nunca teria habilidade suficiente com a bola; que ser jornalista me está muito distante. Então, estudei para ser professora (o primeiro dos sonhos), contudo, o mais perto que cheguei disto, por enquanto, foi ter um diploma na mão (engraçado, só depois que o temos, descobrimos que não significam tanto quanto achávamos que significavam).

Sabem, se me perguntassem hoje o que gostaria de ser quando crescer, sinceramente, não sei o que responderia, talvez dissesse que queria ser contadora de histórias (espero que não queiram saber o motivo).

Minha sorte é que ainda não cresci...

E você, o que quer ser quando crescer?

Danielly Ziroldo

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

DOCE INVEJA*


Comovem-me os passos lentos da velha senhora, enfrentando a ladeira com a convicção de quem ainda possui a força da juventude nas pernas; força, que eu, aos 20 anos, receio já ter perdido.

Não há dia em que não se encontre os castanhos olhos, envelhecidos pelo tempo, mirando o horizonte com o encantamento de uma criança, com quase uma esperança de que se pode alcançar o sol em seu berço, lá nos confins da terra. Basta caminhar em sua direção, caminhar...

Acompanha-lhe o chapéu em dias dominados pelo astro rei; certas vezes, uma toalha para enxugar o suor que insiste em correr sobre a pele enrugada, conseqüência de tantos momentos acumulados durante uma vida. Em dias dominados pelas negras nuvens, acompanha-lhe o negro guarda-chuva; assim, encontram-se em plena harmonia, nuvens e tecido, em meio ao espetáculo da chuva.

Espreito cada movimento por entre as cortinas, escondo-me para que aqueles olhos não percebam a inveja por detrás dos meus, uma inveja inocente, mas nem por isso mais perdoável...
Pudera eu ter a sabedoria absorvida pelos brancos fios de cabelo? Possuir a firmeza do olhar? Enfrentar o mundo com tal disposição?
Não... Sou fraca em minha covardia.

Seguem...
Olhos fixos...
Passos firmes...
Em direção ao horizonte...

E uma doce inveja por detrás das cortinas...


Danielly Ziroldo


* Texto publicado no Recanto das Letras em 13/06/2007

“A dona vai na frente e a música vai atrás”


Não sei dizer ao certo de onde aquela senhora surgiu, sei apenas que enquanto caminhava por uma das tantas avenidas que existem por aí, ela virou uma esquina e nos encontramos. A senhora caminhava lentamente, demonstrando muitas dificuldades no caminhar, com uma capelinha na mão, destas pequenas de madeira com Nossa Senhora, em que nos grupos de reflexões permanece por um breve período em cada família. Provavelmente, a capelinha já havia permanecido o tempo determinado em sua casa e agora a levava para sua próxima morada. E no cumprimento de seu dever, nos encontramos.

A princípio, apenas nos olhamos. Senti que ela queria puxar conversa, no entanto, abaixei a cabeça e segui (perdoem-me a falta de delicadeza, sei que não custava nada cumprimentá-la, mas tenho certas atitudes que não posso explicar), segui com meu violão nas costas para a árdua tarefa de tentar aprender a tocá-lo. Ela ia com a capelinha e eu com o violão.

Parecíamos seguir para a mesma direção, uma a alguns passos a frente da outra, ambas caladas e ao mesmo tempo desejando estabelecer um diálogo. No entanto, o que eu poderia dizer-lhe? Oi, como vai a senhora? (Talvez pareça simples assim, mas quando o assunto são relações humanas, as coisas são muito mais complexas) Bem, poderia ter dito isso, porém era muito pouco. Poderia, então, perguntar-lhe a respeito da capelinha, mas as únicas perguntas que me vinham à cabeça já conhecia as respostas e não fazia sentido perguntar algo que já sabia.

Aproximávamo-nos de nossos destinos (o dela ficava apenas a dois passos do meu) e seguíamos mudas.

Mais um passo foi dado e, enfim, o silêncio se quebrou.

- A dona vai na frente e a música vai atrás.

A senhorinha encontrou a frase perfeita para puxar uma conversa. Sorri e foi preciso apenas o sorriso para dizer-lhe que poderíamos conversar. Diminui o ritmo dos meus passos para acompanhá-la e a passos lentos trocamos algumas palavras (recebi mais do que dei). Chegamos, por fim, aos nossos destinos. Eu para a difícil tarefa de aprender tocar violão e ela para a também difícil tarefa de entregar a capelinha. Entrei e na casa vizinha permaneceu a senhora aos gritos no portão, mas ninguém, além de mim, parecia ouvi-la. Tive a impressão de que ela teria que voltar para casa sem cumprir sua missão inicial.

E nesta tentativa de cumprir uma missão, nos encontramos, nos despedimos e nem sei se ainda lembro-me do seu rosto. Entretanto, sua frase ficou presa aos meus pensamentos: “A dona vai na frente e a música vai atrás”. Talvez suas palavras não queiram dizer mais do que dizem. Se eu for a dona e o violão a música, o violão, realmente, seguia atrás de mim, nas minhas costas. Contudo, pensar que esta frase diz apenas isso é muito pouco para alguém que vive com a cabeça em outras dimensões, que não apenas nesta, a da realidade nua e crua.
A dona poderia ser eu (ou qualquer outra moça), mas a música precisa ser mais do que apenas um violão nas minhas costas. A música é sentimento, ritmo, poesia, emoção; a música é algo inexplicável, que toma conta de nosso ser e nos arranca lágrimas, risos, movimentos, por isso ela não pode ser apenas um violão nas minhas costas.

E não sendo apenas um violão nas minhas costas, devo dizer que a senhorinha equivocou-se em um detalhe ao dizer-me aquela frase. Ela deveria ter-me dito que: “A música vai na frente e a dona vai atrás”. No entanto, não posso culpá-la, afinal, ela nem me conhecia e as aparências, às vezes, enganam.

Seria impossível a doce senhora saber que sou eu quem corre atrás da música...



Danielly Ziroldo


domingo, 7 de setembro de 2008

CONTROLAR OU CONTRARIAR?


Enquanto seguia em direção à casa de minha avó com meu priminho, ele me disse que era preciso “contrariar” a bicicleta para não cair. A princípio, pensei que havia apenas trocado a palavra e com a intenção de fazer com que ele percebesse seu engano, criei várias frases, dando ênfase à palavra contrariar. Frases do tipo: “Você tem certeza de que precisamos CONTRARIAR a bicicleta para não cair?” ou “ O que acontece se eu não eu conseguir CONTRARIAR a bicicleta direito?”

Bem, não deu certo. Ele não havia apenas cometido um engano, realmente acreditava que a palavra certa a ser utilizada (apesar de que eu desconheça quais significados esta palavra possa ter para ele) era contrariar e não controlar, dominar, etc. Ficamos assim, não insisti, muito menos o corrigi, pois não senti necessidade e esta sua troca inocente fez com que meus pensamentos voassem mais longe...

Mesmo inconscientemente, não é que meu priminho poderia estar com a razão?
Deixe-me explicar. Primeiro, o que se entende por controlar? No meu “Dicionário Prático Brasileiro” e acredito que em todos, diz algo do tipo: Exercer o controle; ter o domínio, etc. e tal. Já em contrariar, entre todas as suas significações, temos: fazer oposição a; desagradar, molestar e assim por diante.

Pensem comigo, se alguém está no controle, isso quer dizer, em palavras mais simples, que é ela/ele quem manda. Se ela/ele manda, então tudo será feito conforme suas vontades e decisões. Não que isso seja ruim e desnecessário. Em uma empresa ou em uma equipe, por exemplo, sempre haverá alguém no controle e sua existência é imprescindível para o sucesso de ambos (lógico, isso acontecerá somente se a pessoa com o poder for competente). Entretanto, ao se imaginar que há um controlador, em contra partida, teremos também um ou vários controlados. Estes últimos, se na função de controlados, podem sentir-se, portanto, contrariados (aqui está a nossa relação com as palavras “controlar” / “contrariar”) com as decisões tomadas pela pessoa com o controle, gerando alguns conflitos. Numa instituição, talvez isso não seja muito evidente (ou fazemos de conta de que não existe), até porque há coisas muito mais importantes para se preocupar (como não perder o emprego, por exemplo), que supera qualquer contrariedade.

Para tentar explicar melhor, vamos, então, mudar o foco para uma relação controlar versus contrariar muito mais complexa. Vejamos uma relação amorosa, seja esta, entre marido e mulher ou apenas, entre namorados. Se um dos dois se sentir e se colocar no papel de controlador, o outro terá que, obrigatoriamente, assumir a função de controlado para que esta relação de amor e de ódio se mantenha firme e viva. Assim, se um controla tudo, obviamente, sempre estará contrariando o outro em algumas ou até mesmo em todas suas decisões; a menos que ambos queiram exatamente as mesmas coisas (o que creio que não exista, quer dizer, quando o amor é cego, é bem capaz daquele que não enxerga – por causa do amor - achar que quer exatamente tudo como o outro quer, sem tirar nem por). Mesmo se não formos tão extremos e pensar que o papel de controlador e controlado se alternam entre ambos, ainda assim, teremos a contrariedade de uma das partes (penso que aceitar e superar essa contrariedade devem ser aquilo que chamam de doação do homem e da mulher, para que sua relação não se transforme em pedaços. É inevitável, uma hora ou outra, alguém sempre terá que ceder).

Agora, simplificando tudo, é óbvio que a partir do momento em que se estabelece uma relação de controlador e controlado, sempre teremos um contrariado (e como é difícil aceitar esse papel !!!).

Deste modo, talvez não tenha sido tão equivocada a troca de palavras do meu priminho, pois se ao controlar, eu contrario, então por que não usar contrariar ao invés de controlar?



Danielly Ziroldo

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

SOBRE PREGUIÇA


Penso que a preguiça é inerente a todo ser humano. Provavelmente, há, em algum lugar de nosso íntimo, um lugarzinho onde está instalado isto (será que poderíamos considerar a preguiça como um estado? Passageiro para uns e eterno para outros?), que é considerado um dos sete pecados capitais.

A quantidade de preguiça presente em nosso corpo varia. Algumas pessoas a possuem em quantidade mínima e a disfarçam tão bem, que é quase imperceptível aos olhos alheios. Nestas, a preguiça geralmente se limita a vontade de ficar na cama por mais alguns minutos, não querer levantar em dias que amanhecem preguiçosos (Sim! Até os dias se acham no direito de serem preguiçosos!) ou na vontade de não querer realizar tal ou qual tarefa, enfim, se permitem serem preguiçosos por uns breves momentos, mas como a preguiça lhes é ínfima, levantam no próximo minuto e realizam todas as tarefas, por mais preguiçoso que lhes pareçam o dia.

Já em outras pessoas, temos a impressão de que a palavra preguiça está estampada com letras garrafais em suas testas. Vemos a preguiça em sua fala, seu andar e, principalmente, em suas atitudes. Para estes, como dizem por aí, o mundo precisa acabar em barrancos...

Estes dias, julguei certo ser (humano) como irresponsável, entretanto, hoje percebi que, talvez, a irresponsabilidade seja apenas uma conseqüência e não o verdadeiro problema, como havia imaginado anteriormente (Vejam bem! Precisamos ter um pouco de cuidado em nossos julgamentos, podemos nos precipitar e errar quanto as nossas conclusões). Neste momento, contudo, acredito que o verdadeiro problema seja, realmente, a alta dosagem de preguiça presente no seu corpo. Isso mesmo! A alta dosagem de preguiça! Não que ele deixou de ser irresponsável assim, da noite pro dia, porém, a sua irresponsabilidade é gerada pela preguiça que direciona a sua vida. Ou seja, ele não cumpre com suas responsabilidades, simplesmente, porque a preguiça não permite. Se este pecado capital não lhe fosse tão aguçado, tenho certeza de que nunca ninguém ouviria nenhuma reclamação a respeito dos seus atrasos, tarefas incompletas ou descumprimento de acordos.

Pergunto-me, agora, será que existe remédio contra a preguiça ou este ser e alguns outros estão condenados para sempre?

Bem, se houver, por favor, me avisem!!!



Danielly Ziroldo

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

SOBRE IRRESPONSABILIDADES


“Te vejo errando e isso não é pecado, exceto quando faz outra pessoa sangrar...” ("Na sua estante" - Pitty)

Penso ser unânime a opinião sobre irresponsabilidades: Inadmissível! Talvez apenas os irresponsáveis pensem o contrário, afinal, concordar com a inadmissibilidade desta atitude seria ferir-se com a própria espada.

Há situações na vida em que ser irresponsável não traz prejuízos ou se traz são para si mesmo. Como esquecer-se de fazer uma tarefa, não entregar um trabalho escolar, com certeza, os prejuízos serão broncas, notas baixas, enfim, nada que não possa ser superado. Entretanto, há certas irresponsabilidades, principalmente aquelas cometidas quando se deixa de ser criança e se passa a ser adulto (diga-se de passagem, ser adulto exigem muitas responsabilidades) que não prejudicam apenas o ser irresponsável, prejudicam também, as pessoas a sua volta, ou seja, aqueles que foram vítimas de seus atos infantis (uso a palavra “infantis”, porque nesta fase da vida não temos muita noção sobre ser responsável ou não, entretanto, talvez o uso da mesma palavra seja equivocado, considerando que há crianças com um senso de responsabilidade mais aguçado que muitos adultos.).

Bem, não pretendo discutir aqui atitudes inerentes à idade, gostaria, apenas, de tecer algumas palavras sobre irresponsabilidades e a total falta de consideração para com as pessoas.

Pensar em responsabilidades quando se tem um negócio ou está trabalhando é indispensável, enfim, a falta desta pode acarretar na perda do cliente ou do emprego. Alguns, por prepotência talvez (coisas de filho de dono, do próprio dono ou daqueles que não são donos, mas se sentem o tal), se julgam acima do cumprimento de qualquer horário ou compromisso, não entendem que se o serviço foi contratado é porque o outro necessita dele, entretanto, este outro também tem suas responsabilidades e não pode, simplesmente, ficar a disposição da boa vontade do contratado. Afinal, não é sempre o cliente que tem a razão?

Independentemente de quem possua a razão, deixar de cumprir a sua parte em um contrato é uma total falta de responsabilidade, portanto, INADMISSÍVEL.


Quem já foi vítima deste tipo de atitude, como no meu caso hoje e algumas outras vezes, sabe muito bem quanta revolta isso pode causar. Há pessoas de Personalidade (personalidade com P maiúsculo, porque personalidade todos nós temos, mas aquela com o P maiúsculo, apenas alguns), que não levam desaforos para casa e “rodam a baiana” exigindo seus direitos imediatamente. Devo confessar que invejo a atitudes de tais pessoas, pois calar me faz muito mal, no entanto, também não sou capaz de falar, exceto estas poucas palavras.


Danielly Ziroldo